Como identificar um relacionamento abusivo?
Data: 16/09/2022
Autor: Martina Catini Trombeta
O limiar entre em um relacionamento complicado e um relacionamento abusivo é tênue e o desafio para identificar existe tanto para quem está vivendo nele, quanto para as pessoas que convivem com o casal.
Há uma crença de que para que seja considerado abusivo deve haver agressão física com marcas, que os empurrões e apertões não se enquadram em abuso, ou ainda, que as agressões verbais não se enquadram ao caso.
O que muitos não sabem é que, além das agressões físicas, também é considerado como tal as psicológicas, que podem ser palavras, comportamentos dominadores, controle financeiro exacerbado, ou ainda, o silêncio, como forma de passar à outra pessoa a sensação de que ela não existe.
No aspecto externo, ou seja, aos olhos de quem está de fora da relação, muitos casais que vivem em situações de abuso, transparecem a imagem de uma relação perfeita e apaixonada, não abrem aos demais os problemas, e começam a se afastar de tudo que possa eventualmente dar a deixa de que há algo raro passando, porém quem está em uma situação de abuso, emite sinais de que precisa de ajuda.
Começar a entender quais são as principais características de um relacionamento abusivo é o primeiro passo para identificá-lo e, claro, ajudar pessoas ao seu redor que possam estar sofrendo com isso de forma silenciosa, também.
Algumas das principais atitudes de parceiros tóxicos são:
- Amor platônico
Bem ironicamente, muitas pessoas que são abusivas num relacionamento apresentam um comportamento bem controverso que é o “amor” em excesso.
Atitudes absurdamente românticas, gentis, vorazmente apaixonadas. Esse tipo de parceiro pode colocar a vítima acima de tudo, inclusive fazendo suas vontades, no entanto, manifestações exageradas, “provas de amor” e grandes declarações devem ser separadas quando são espontâneas e quando estão ali para desviar a atenção de quem está sofrendo os abusos e das pessoas ao seu redor.
Mas afinal, como saber se essas atitudes são verdadeiras ou apenas “máscaras” do parceiro abusivo?
É preciso observar em quais momentos essas atitudes apaixonadas aparecem, caso seja em momentos após episódios de brigas, humilhações, cobranças, ciúmes, etc., podem preocupar. São atitudes que aparecem para tapar buraco.
Lembre-se que pequenos gestos valem muito mais e a somatória do dia-a-dia é o que conta.
- Cobrança de mudança
Quando o abusador impõe mudança de comportamento do parceiro, isso pode ser um alerta.
Claro que isso não se aplica para críticas construtivas, sugestões de novos hábitos e melhorias. No caso de um relacionamento tóxico, essas cobranças possuem um tom autoritário, moralista, invadindo até a liberdade do outro.
Por isso, é bom sempre ficar atento quando a vítima se negar a mudar um estilo de roupa, aparência física, costumes rotineiros, como o companheiro reagirá.
- Superproteção
Assim como o amor platônico, a superproteção pode surgir como forma de atitude amorosa, no entanto tem uma finalidade muito diferente.
O que pode parecer zelo, cuidado, carinho, na verdade é uma forma do abusador ter armas de chantagem e demonstrar para a vítima que ela é incapaz e demanda esses cuidados.
Ou seja, a superproteção diminui a vítima, na medida em que aumenta o poder do agressor. Como “cuidador” ele passa a ser fundamental para cada ação, esvaziando a autonomia de decisão da vítima.
Por isso, se faz tão importante ser uma pessoa independente financeiramente e na forma de pensar. Quando uma superproteção tira a liberdade de alguém, ela pode ser prejudicial.
- Agressões
Claro que nessa lista de atitudes tóxicas estão os diferentes tipos de agressão. Seja ela verbal ou física, vale o alerta para sair o quanto antes desse relacionamento.
A mudança de comportamento do agressor pode ser sutil e essas agressões começam após episódios de muito amor e gentileza, tornando-se um ciclo.
Tudo pode iniciar com críticas, seguidas de descontrole nas conversas que se tornam brigas, xingamentos e chegando até em agressão física.
- Ameaças
As ameaças também são parte das agressões verbais. O abusador faz chantagens seguidas de ameaças a vítima, colocando-a numa posição de desconforto e “sem saída”.
Quanto mais frágil emocionalmente o abusador identifica a vítima, mais ele se sente capaz de criar esses jogos psicológicos.
Ele utiliza os gatilhos do parceiro para ser ainda mais assertivo na chantagem e ameaça.
O ápice disso é uma agressão física irreversível, onde o pensamento de posse toma conta e o abusador tem em mente que se aquela pessoa não for dele, não será de mais ninguém.
Por isso, diante desses sinais, não hesite em pedir ajuda. Tudo pode começar de forma sutil, mas avançar para um caminho perigoso.
Use sempre a balança do bem-estar, se uma pessoa passa mais tempo triste, para baixo, com medo ou irritada com o parceiro, deve acender o alerta.
Um relacionamento saudável é uma parceria, onde ambos cedem, ambos se ajudam e vibram com as conquistas pessoais um do outro. E o mais importante, onde haja espaço para individualidade de cada um.
Quem está de fora pode, sim, ajudar a essas pessoas, que muitas vezes estão tão perdidas, que não sabem a quem e qual o caminho buscar.
Uma vez que nos identificamos, não tem como “desver”, e como ser humano, é nosso papel ajudar.
Como ajudar? Ah, sobre este tema, falaremos na próxima semana! Fiquem ligados!