:: Blog

O clichê “você não precisa disso”!

Data: 16/04/2021
Autor: Martina Catini Trombeta

O que leva mulheres a ficarem em relacionamentos abusivos é um desafio para a compreensão tanto delas quanto daqueles que as cercam.

As pequenas violações começam a ocorrer desde os primeiros encontros com o suposto “par ideal”, por serem imperceptíveis racionalmente àquelas que envolvidas na relação.

Imagina que o momento da conquista é floreado por muitos sentimentos que a impedem de enxergar coisas ruins, que claro, todos nós temos.

Acontece que o lado “ruim” das pessoas com perfis abusivos, e que por vezes vêm associados a transtornos comportamentais/ psiquiátricos, com diversos enquadramentos, que não vem ao caso classificar, fazem com que essa mulher se envolva cada vez mais naquele relacionamento.

Às pessoas à volta, pais, irmãos, amigos próximos, os notam, algumas vezes alertam a mulher, mas esta não enxerga e reprime às críticas por uma distorção do relacionamento, que para elas é real.

Aos poucos, e em conjunto com a destruição da auto estima e a desqualificação da rede de apoio dessa mulher, a vida naquela “bolha” torna-se extremamente complicada e de difícil libertação.

Elas passam a não contar o que passam para não sofrerem represálias, à medida em que não sabem como sair de onde estão. E na mesma medida, àqueles que a cercam não possuem abordagens assertivas e adequadas, o que faz com o isolamento só aumente mais e mais.

A realidade paralela torna-se apenas a única realidade que essa mulher enxerga, e a prisão é muito mais psicológica que se imagina. A auto crítica é extremamente forte, porém o sentimento de impotência, manipulado por violações psicológicas constantes as colocam por anos nessa prisão.

Não é um simples “você não precisa disso”, seguido de um, “sai fora dessa” que resolverá.

A liberdade é uma guerra, e as estratégias, em conjunto com profissionais de confiança, bem como com uma empatia efetiva da rede de apoio é a única saída. Afinal de contas, a decisão é da mulher e só ela pode tomar.