Assédio sexual não é paquera. A linha divisória do não é não!
Data: 06/05/2020
Autor: Martina Catini Trombeta
Ao invés de falar em luta pelos direitos das mulheres, preferimos a expressão igualdade de gênero, que há uma missão de educar com preceitos de direitos humanos toda uma sociedade.
Quando falamos em “toda uma sociedade”, incluímos todas as pessoas, inclusive aquelas que se intitulam machistas, feministas e defensoras de grupos historicamente colocados a margem da sociedade.
Essa abordagem é muito mais profunda, pois nos permite sair dos movimentos extremistas, sem desconsiderar importância de cada um deles, porém relembrando que o que se busca é o equilibro.
Com essas ponderações iniciais, apesar das inúmeras conquistas, sentimos que corremos atrás do pote de arco-íris, pois o ponto de chegada está no horizonte.
Notamos que se se por um lado, ainda temos que enfrentar conservadorismos ou esteriotipos que ameaçam os direitos humanos das mulheres como um todo, estamos vivendo um tempo de importantes manifestações das em todas as organizações, que se utilizam de diferentes espaços para serem ouvidas.
É mais comum nos depararmos com mulheres eu compartilham as suas histórias de assédio sexual e criam uma rede de apoio, quebrando barreiras sociais e familiares e expõe para o mundo a dimensão do problema, com todas as consequências que de fato irão enfrentar com a quebra dos paradigmas.
Vamos falar de assédio sexual?
Quando falamos com famílias, independente de classe social e grau de instrução, a preocupação aumenta, pois ao invés de procurar informar-se e educar sobre quais de seus comportamentos estão perpetuando e potencializando essa forma de violência, os homens escolhem justificar o assédio como paquera.
Quando falamos nas autoridades formais de controle, como inquéritos policiais e outros procedimentos judicias, essa justificativa da paquera ou da má interpretação é um recurso bastante utilizado para invalidar as denúncias das mulheres.
Na medida em que as mulheres têm o seu espaço invadido, seu corpo desrespeitado, e os seus direitos violados, sua segurança física e mental está permanentemente ameaçada, e os homens seguem defendendo que o assédio era apenas uma paquera.
Assédio não é paquera.
Essa é a razão pela qual falamos em igualdade de gênero, e convidamos toda a sociedade, começando pelas famílias, instancias informais de controle, como comunidades religiosas, grupos de atividades extras, operadores do direito, autoridades públicas, no sentido de que todos devem exercerem o papel de educador.
Deve-se falar diretamente, não só com os homens, mas também com as mulheres, e apontar, de uma vez por todas, que o limite entre a paquera e o assédio é o RESPEITO. Muitas mulheres não entendem e se sentem obrigadas a aceitar o extravasamento do limite.
O não é não, e isso não quer dizem sim. O desvio em ser tocada, a recusa de um convite, ou ainda se não havia plena consciência ela não concedeu nada.
Falar em desrespeito, nos permite ter a clareza de que a linguagem ofensiva não é elogio.
Assim, puxar o braço não é paquera. Insistir, quando ela já disse que não quer, não é legal. Se aproveitar fisicamente das mulheres em situações em que elas estão vulneráveis é estupro, sim!
A paquera é saudável, divertida e dinâmica.
O assédio é agressivo. Combater o assédio não significa as mulheres também têm a liberdade e o direito de ousarem e serem sim respeitadas.
A regra é clara, a paquera não-agressiva e não-violenta está dentro do respeito. As mulheres poder ser o que elas quiserem, e fazerem o que estão afim, e os homens terão que respeitá-las. A responsabilidade do assédio é do assediador e não de quem é assediada. O limite uma vez imposto, é a linha de fogo pra parar.