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Desafio da gestão em tempos de volatilidade e incerteza – Modelo Vuca/Vica

Data: 29/04/2020
Autor: Andrew Bishop

1. INTRODUÇÃO

A escolha do presente tema tem origem na necessidade visceral em se buscar ferramentas de gestão eficazes que sejam diretamente aplicáveis na formulação de estratégias viáveis para o fito de adaptação e sobrevivência das pessoas físicas ou jurídicas (pessoas) à luz do inédito cenário macroeconômico mundial cuja caracterização se dá fortemente pela presença de elevados níveis de: volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.

Desta forma pode-se asseverar que o momento atual e futuro são de extrema Volatilidade, em grau maior do que a incerteza. Isto ocorre por que   mundo se move mais rápido do que conseguimos nos adaptar. As pessoas até sabem o que está acontecendo, mas não conseguem se ajustar à aceleração dos eventos que ocorrem de forma fluída e errática.

A Incerteza (Uncertain) se dá em face da total impossibilidade de se prever os impactos diretos e indiretos no modo de ser, viver ou gerir a vida das pessoas. O resultado final dessa crise e das correlatas é quase que imprevisível. A única previsão possível é de que haverá consequências negativas e que estas irão se materializar.

Esta linha de raciocínio, sobre a incerteza, é reforçada pelo brilhantismo do jurista Marco Aurélio Greco que assim dispõe:

Mesmo em relação ao passado, certeza e segurança só existem em relação ao que sabemos diretamente. Sobre o que nos contam dependemos do que está documentado ou é possível provar. Sobre aquilo que não está documentado ou não é possível provar, não há certeza e segurança. Até mesmo em casos documentados e provados, a certeza e a segurança não são absolutas. Em suma, certeza e segurança não temos para o futuro porque só podemos fazer previsões; e, para o passado, elas também são relativas porque vão depender dos documentos que tivermos e da interpretação que deles fizermos”

E conclui o jurista:

“…Se quisermos levar ao extremo, podemos dizer que certeza e segurança só existem de que tudo está em permanente mudança. Porém, para que lado, de que maneira e em que dimensão, isto não é possível afirmar

(sem marcação no original)

Numa leitura imersiva do contexto atual pode-se constatar que existem diversas variáveis no ambiente interno e externo (externalidades) aos indivíduos que desafiam sobremaneira à gestão das pessoas. Os atuais modelos de gestão nesse cenário extremamente adverso não dão conta de interpretar e gerar ações efetivas que visem a possibilidade de sobrevivência diante da crise da ordem macroeconômica mundial, crise geopolítica, ambas, agravadas exponencialmente pelo impacto pandêmico da COVID-19. Este quadro resulta numa Complexidade ímpar.

Por fim, a total falta de clareza no que diz respeito a capacidade de se interpretar os significados e os eventos traz como output a Ambiguidade. Nessa seara todas as características anteriores resultam na ambiguidade. Em uma dinâmica acelerada como a atual, simplesmente não existem respostas corretas. O que há são infinitas trilhas e estratégias para que as pessoas façam uma escolha, optando-se por um sentido ou outro, em detrimento de outro. Cada escolha se consubstancia num trade-off. Trade-off é um jargão língua inglesa que define uma situação em que há conflito de escolhas. Ele se caracteriza em uma ação social e econômica que visa à resolução de problema, mas acarreta outro, forçando uma escolha em detrimento da renúncia de outra acarretando consequências diretas e indiretas.

Ainda, na sociologia, o teórico polonês Zygmunt Bauman  descreveu, em 1992, essa nova realidade como a  “modernidade líquida”. De acordo com a sua teoria, nós vivemos em uma sociedade em que nada é fixo. Absolutamente tudo é passível de mutação — o que significa que as pessoas devem mudar junto.

A volatilidade exige criar uma visão de futuro, lideres capazes de trazer calma e afastar o pânico, lideres capazes de mobilizar a organização evangelizando com uma mensagem forte e transformadora.

Dada todas essas características vivemos a era da ansiedade, onde existe excesso de futuro (volatilidade e incerteza) gerando uma sensação, por vezes, de elevada impotência ou falta de controle (excesso de futuro). O grande desafio é não se apertar o “botão do pânico”.

No atual cenário da crise da COVID-19 havia num primeiro momento alta incerteza quanto a tudo isso, a certeza era tão somente de que haveriam crises e eventos Black Swan ou Wild Cards (eventos imprevisíveis quanto ao momento da sua ocorrência e quanto as suas consequências). Não se sabia nem por onde começar. Agora como dito acima houve uma migração para a volatilidade. O que se vive agora é um evento imprevisível numa crise previsível (Exemplos: Crise do Petróleo da Rússia e Arábia Saudita, Ebola, H1NI, Demais Gripes, Terremotos, Revoluções Locais).

Sendo assim, não se deve tomar uma decisão radical sem que haja uma análise “holística” do contexto.

Para que uma decisão mais eficaz seja tomada devemos entender o modelo VUCA para que se visualize a situação problema, criando-se uma visão de futuro que possa ser permeada na vida das pessoas.

2. UTILIZAÇÃO DO MODELO VUCA/VICA

Considerando a compreensão do mundo VUCA, dessa modernidade líquida, deve-se partir para o conhecimento da aplicação do modelo VUCA, não tão conhecido da maioria.

Todas as variáveis dessa ferramenta são dispostas de forma racional num modelo 2 a 2, onde o eixo “y”, previsibilidade quanto ao efeito das ações, onde consta uma escala que vai do desconhecido ao conhecido.

Já no eixo “ x” as variáveis tramitam do desconhecido para o conhecido quanto à situação problema:

Como esse modelo nos ajuda? O que fazer para sobreviver nesse cenário?

O modelo resulta numa poderosa ferramenta que confere uma organização nítida onde, após imputadas as variáveis do contexto de cada pessoa, pode-se visualizar de forma clara qual o desafio (situação problema), e desta forma quais seriam as estratégias viáveis que emergem face ao cenário mapeado.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do cenário posto em face das crises atuais e futuras exsurgem algumas conclusões.

Sem a exata compreensão do que é o mundo VUCA, e sua correspondente metodologia de endereçamento de estratégias para tomada de decisões aptas a gerar adaptação, não se é possível resultar em ações arrebatadoras quanto à sobrevivência econômica e social.

Se as pessoas não se prepararam para essa crise, é possível que haja uma preparação para as todas as outras que virão cruzadas e em cascata.

Como disse Louis Pasteur: “A sorte favorece as mentes preparadas”

As pessoas precisam aprender a serem LÍQUIDAS e ROBUSTAS, ágeis em se adaptar nessa aceleração brutal de eventos, para que possa se moldar a novos cenários dinâmicos. Precisam aprender a serem FORTES e RESILIENTES para que consigam suportar todas as adversidades.

Considerando que o mundo é líquido quem tem liquidez entra posicionado de forma apta a sobreviver. A Falta de liquidez tende a virar insolvência em todos os aspectos.

Tenha LIQUIDEZ e realize COOPETIÇÃO (cooperação com competição) na cadeia de suprimentos, e em todo o ciclo de receita.

Posicione sua marca, não se posicionar, inclusive de forma social, resulta na compra de um risco que pode representar no teu encerramento.

Tenha ações efetivas que norteiem a tua perenidade e a sustentação da geração de VALOR. Se consubstancie numa pessoa ATRAENTE e VIÁVEL economicamente e socialmente.

Andrew Bishop – head de inteligência tributária de multinacional, especializado em tributos pela FGV, MBA em gestão executiva pela Fundação Dom Cabral.